terça-feira, 24 de maio de 2011

Semana Acadêmica

Aqui a semana acadêmica é diferente do Brasil, onde temos uma série de palestras e workshops, em Portugal tem muita festa com atrações nacionais e internacionais. Fui ao primeiro dia de festa, onde ocorreu a serenata, no domingo. Os caloiros vestiram pela primeira vez o seu traje acadêmico. Então, estavam todos trajados, veteranos e caloiros, preservando esta tradição. Na terça tive o jantar do meu curso, mas não acabei indo aos shows da noite. Quarta foi o famoso desfile da cerveja, onde litros e mais litros foram derramados por toda a cidade. Eu não iria participar, até que fui surpreendido pelos meus colegas enquanto filmava o carro do meu curso. Deixei minha câmera com minhas colegas do Brasil que estavam a me acompanhar, e subi pro carro para tomar aquele banho e ficar todo grudento, a cidade cheirava a cerveja . Fui somente na Sexta-feira novamente ao recinto onde ocorria a semana acadêmica, assistir a um show de uma banda portuguesa de hard core muito conhecida aqui, os Tara Perdida.




Fátima

Na outra semana voltei a caminhar, desta vez até Fátima, que fica a 20km de Leiria, mas pegamos um caminho errado e andamos 10 km a mais. Foram 5 horas e meia caminhando, saindo as 5 da manhã. O caminho era bonito, entre as montanhas, o que fez valer a caminhada. Fátima é um lugar muito visitado por muitas pessoas, pois há uma história sobre a aparição de Nossa Senhora de Fátima para 3 crianças, onde tornou-se então, um local sagrado, onde a principal atividade é o turismo e comércio religioso. No dia que fomos, 13 de maio, estava sendo celebrada a aparição, por isso havia muitas pessoas, pagadores de promessas e peregrinos. A volta foi de autocarro, pois tinhamos que chegar a tempo de assistir as aulas.


Formatura


No dia seguinte estivemos prestigiando a celebração dos finalistas, que terminariam o curso ao fim do ano letivo. Todos vestiam seus tradicionais trajes acadêmicos e receberiam a pasta com suas fitas. Para o azar dos finalistas, fazia muito calor, uma vez que seus trajes eram pretos. As fitas são recordações, onde cada finalista escolhe pessoas para escreverem uma dedicatória na mesma. Eu tive a oportunidade de escrever um para meu grande amigo e vizinho Zé. Achei muito interessante esta tradição, pois é uma linda recordação dos tempos acadêmicos, em que os estudantes vivem como irmãos, dividindo residências, longe de suas famílias. Nada melhor que o discurso do colega Faisca!




Erasmus Day

No último sábado, participamos da excurssão organizada pelo IPL para os Erasmus. Nós, apesar de não sermos Erasmus (intercâmbio entre estudantes europeus), somos intercambistas, então estávamos convidados para o passeio. Visitamos algumas belas praias portuguêsas (São Pedro de Moel, Nazaré e Peniche), ofereceran-nos um delicioso almoço, cantamos enquanto estávamos no autocarro, isso me lembrou muito as excursões dos tempos do colégio. Era lindo de ver aquele autocarro, com pessoas de todos os tipos, europeus, americanos, africanos, todos felizes e celebrando a amizade. Muito obrigado ao IPL por este momento de integração.


Maio também foi um mês de aniversários de alguns amigos e colegas, como também em Leiria, acontecia a Feira de Maio, com parque de diversões e muitas lojas de artesanato, entre outros. Nesta segunda-feria, nossa colega Taís nos deixou, pois teve de voltar ao Brasil para resolver alguns problemas. Estamos todos torçendo para que dê tudo certo. Para nós que ficamos, ainda restam 2 meses, o tempo passou rápido e creio que vai passar mais ainda nestes próximos meses, pois serão dias de muitas viagens. Nesta semana estou indo a Paris, visitar o amigo Marcelo que está organizando a festa do Abaquar no sábado, já que é o presidente da ong. Em seguida, já fico no aeroporto rumo à Marrocos. Após as viagens, virei registrar no blog alguns momentos dos passeios.

Desejos a todos, dias de muita positividade e força para ir atrás de seus sonhos!

domingo, 8 de maio de 2011

Saint James Ways - Espanha

Na manhã seguinte, cruzei a fronteira, entrando em território espanhol, na região da Galícia, uma região com interesses em separar-se da Espanha. A cidade chama-se Tui, onde muitos peregrinos escolhem por começar a jornada do Caminho Português. Já pude notar mais pessoas e uma diferença na sinalização do caminho, que era feito com um desenho de uma concha. Encontrei dois casais de canadenses, com os quais já haviam me encontrado em albergues anteriores. Segui na companhia deles, o que foi muito importante, pois aquela era a pior parte do caminho, pois o caminho, apesar de ser mais antigo, passava por uma zona industrial, mas foram apenas 6 km. Ao fim do caminho, tivemos de nos abrigar em uma parada de autocarro, pois começou uma chuva muito forte. Ao fim da tarde, alcancei o albergue da cidade de Redondela, que era muito bonito, num estilo antigo e com exposições artísticas no seu interior.


Não foi possível evitar a chuva no outro dia, estava caindo toda a manhã e eu, assim como todos, queríamos seguir em frente. Já não sabia que dia da semana era, me surpreendendo ao falar com um finlandês no caminho, que me disse que era sexta-feira santa. A chuva caia, estava esfriando e eu estava com muita fome, pois não consegui comprar o pequeno almoço (café da manha), já que era feriado e tudo estava fechado. Passando pela cidade de Pontevedra, consegui comprar um pão muito saboroso, que comi no albergue da cidade, mas queria esperar a chuva acalmar e seguir em frente. Cheguei num albergue improvisado, numa pequena vila, onde haviam apenas colchões para dormir, mas para o banho, uma boa água quente. Fui até o bar mais próximo e comprei um bocadillo, que foi minha janta e meu café da manhã. Chovia muito neste dia, por isso, não quis seguir adiante. A maioria dos peregrinos que via o pequeno albergue não ficava, pois não era confortável, mas ele encheu, já que muitos queriam se abrigar da chuva. Minha noite não foi muito boa, pois não estava confortável e fazia um pouco mais de frio.


Sai com chuva novamente, me perdi, tive de voltar, mas estava dando tudo certo. Minhas mãos estavam perdendo o sentido por causa da chuva e do frio, restando 50 km para chegar em Santiago de Compostela. Passei por Caldas de Reis, onde ganhei uma maçã numa fruteira e encontrei uma fonte de água quente, que são muito comuns nesta cidade. Lavei minhas mãos para esquentá-las e bebi daquela água para me aquecer. Me sentia melhor e pronto para continuar a caminhada até a cidade de Padrón. Este caminho era muito bonito, o melhor desde que entrei na Espanha. Já não chovia tanto, pois o sol ensaiava para brilhar novamente. Meu objetivo era chegar até Téo, 15km de Santiago, mas acabei ficando em Padrón, 25km, para descansar e me recuperar da noite anterior, sem falar que tive sorte pois só haviam alguns lugares, e não queria perder esta oportunidade. Neste albergue conheci mais pessoas, principalmente portugueses, sendo que foi ai que consegui minha boleia para regressar à Leiria.


Os últimos 25km foram percorridos com a presença do sol. Percorri sozinho até encontrar dois casais espanhóis, que estavam no albergue em Padrón. Fomos juntos pelos quilômetros finais até chegar em Santiago. Ao chegar na cidade onde acabava o meu caminho (pois há inúmeros caminhos para continuar), encontramos muita gente, devido ao feriado religioso, sendo esta cidade muito destinada nesses dias. Em frente a catedral de Santiago, senti algo estranho, pois haviam muitos peregrinos, parecendo que havia acabado a jornada, mas não era isso que eu queria, a jornada não poderia ter fim. Então resolvi seguir, fui atrás da minha boleia para voltar a Leiria. Fui até a catedral para procurá-los. Chegando lá, encontrei duas amigas que fiz no último albergue. Sentei junto delas e fui ligar para o pessoal. Não encontrei meu telemóvel, descobri que havia deixado no último albergue. Para minha sorte, minhas novas amigas voltariam até lisboa e me ofereceram boleia.

A volta foi outra sensação estranha. Comboio, carro, era tudo tão diferente daquela semana intensa pela qual passei, no ritmo da natureza, o meu ritmo. As paisagens eram lindas, sendo que por elas que eu havia passado a alguns dias atrás, bosques, montes, aldeias, vilas, enfim. Fizemos um bom retorno, com parada em Paredes de coura, onde fomos muito bem recebidos. Agradeço à Jutdite e a Tereza pela ajuda no retorno, pessoas de coração muito bom. Não posso esquecer de todas as amizades que fiz ao longo do caminho, seja simplismente por estarem na mesma direção, com o objetivo de caminhar, como diz meu amigo Conrado em sua música "Liberdade dos pássaros": "ansioso para chegar ao destino sem saber que o melhor é percorrer o trajeto". Meu destino é o meu próximo passo.

O caminho foi uma viagem além do próprio caminho, pensando em muitas coisas, as vezes em nada, lembrando, esquecendo, ao som do canto dos pássaros, da água correndo pelas fontes, num mantra contínuo, que trazia paz ao espírito. Tem coisas que não consigo descrever, o que senti, nem o que passei, mas quero continuar neste caminho, por este mundo afora, aproveitando a vida, vivendo o presente, o agora!

domingo, 1 de maio de 2011

Saint James Ways - Portugal

Sai na sexta-feira rumo ao norte do país, para a cidade do Porto. Consegui uma boleia (carona) com um colega do curso de Marketing, o Dinho, que vive em Viana do Castelo, uma cidade da costa próxima ao Porto. Chegando na cidade, fui atrás de um albergue, barato de preferência. O primeiro que fui conferir, foi o mais barato que encontrei, mas li que havia residenciais mais baratos, então passei horas a caminhar pela cidade atrás de albergue, aproveitando também, para conhecer o sítio. Voltei para o albergue primeiro, cansado de caminhar, pois sairia na manhã, então precisava descansar.

Acordei as 8 horas, arrumei minhas coisas e fui para Sé do Porto, onde iniciei minha caminhada. O caminho é guiado por flechas amarelas, pintadas em lugares como postes e muros. No início já me perdi, mas voltei e dei continuidade. Passei por lugares muito giros no Porto, até alcançar as vilas e aldeias, que eram mais sossegadas para uma boa caminhada. No caminho, colhi alguns kiwis e bebi água de fonte, passei por ruas estreitas e lindo campos até chegar em Vilarinho, 22km depois, onde parei e me abriguei no primeiro albergue de peregrinos, pois estava um pouco cansado. Neste albergue, encontrei alguns peregrinos, de vários lugares do mundo, pude praticar meu inglês e saber um poucos de outras culturas.

No segundo dia, já recuperado e disposto, continuei minha caminhada rumo ao próximo destino, a cidade de Barcelos. Cruzei por pontes, e muitas paisagens rurais, já sendo comum encontrar peregrinos pelo caminho. Passei por São Pedro de Rates para carimbar minha credencial no albergue, que parecia ser muito bom. Já na cidade de Barcelos, tive alguns problemas pois não encontrei os bombeiros voluntários para me abrigarem, então perdi alguns km percorrendo a cidade, até decidir ir para a próxima, que ficava a 10km. Apesar de não me sentir disposto, encarei o caminho, percebendo que o cansaço estava na minha cabeça e não em meus pés. O próximo albergue era muito bom, fui bem recebido e haviam nele muitos peregrinos. Tinha a minha disposição um computador, violão, laranjas e tangerinas, conforto, por apenas 3€.

Sai cedo pela manhã rumo a Ponte de Lima. Meu despertador era os peregrinos, que iam acordando progressivamente, mexendo em suas sacolas e no velcro de suas roupas e mochilas. Apanhei umas laranjas e clementinas (bergamotas, quem sabe nome para outra música, hehe) e segui pelo caminho. Foi neste dia que senti vontade de cantar e gravar uma canção, inspirado pelo belo dia de sol. Creio que este foi o dia mais bonito da minha caminhada, assim como a vila de Ponte de Lima, a mais antiga de Portugal, que possuía lindas praças floridas e construções preservadas. O albergue era muito bom, uma boa recepção dos voluntários que lá trabalham. Duas peregrinas me ofereceram pasta com molho de tomate e feijão, pois fizeram demais, então comi e paguei lavando a louça.

A continuação do caminho no dia seguinte foi acompanhada da chuva, seria o primeiro dia de uma semana chuvosa. Mas isso não impede um peregrino de continuar, como também, não tira a beleza do caminho, pois o sol já havia me queimado, uma vez que faça calor durante o dia. Neste dia, tive que enfrentar um cachorro, que apesar de grande era brincalhão, mas assustava, tive de tocar uma pedra longe para ele ir buscá-la. No meio do caminho, encontrei dois peregrinos alemães, uma avó e seu neto, que já havia encontrado nos outros albergues. Segui com eles o restante do caminho, pelas montanhas num dia muito bonito, onde caminhamos pelas nuvens. Paramos no Albergue de Rubiães, que também disponibilizava conforto para os peregrinos. Após nos instalarmos, iniciou uma chuva forte, que caia por pouco tempo, enquanto ainda chegavam os peregrinos para habitar as camas do albergue.

O dia amanheceu sem chuva, porém nublado, o que seria bom para continuar a caminhada. Segui na companhia de outros alemães (haviam muitos alemães pelo caminho), um casal mais velho, mas que tinham um espírito muito jovem. Eles pretendiam chegar até a Alemanha a pé, pois estavam de férias prolongadas. São eles que aparecem no vídeo da música Raio de Sol e cantando na igreja. Cheguei em Valença, fronteira com a Espanha, para minha sorte, após a chegada iniciou uma chuva forte, mas pude me abrigar ao pé do Albergue, que estava fechado no momento. Nas ruas da cidade de Valença já se ouvia a língua espanhola. Fui até uma vila que fica dentro de uma fortaleza, onde havia muitas lojas e algumas residências.

Em breve postarei a parte do caminho português na Espanha, valeu pelos votos de positividade de todos meus queridos, estou com vocês, assim como quero que estejam comigo, vamos juntos!